FEIJÃO GANDÚ

 O super poderoso GUANDU

O guandu é uma das leguminosas mais faladas no Estado. Sendo uma planta perene (com ciclo de vida mais longo), que logo se torna lenhosa, quase nunca é usada como adubação verde simples, mas sim para a recuperação de terras abandonadas, como pastos escassos, cerrados, etc. Forma pequenas árvores, quebrando com a raiz-pião, muito forte, as camadas duras da terra e deixa cair tantas folhas que forma uma camada humosa na superfície da terra.
As sementes são um ótimo alimento, e vendem-se às vezes como “petit pois” (ervilhas). As folhas podem ser usadas como forragem para o gado zebu mas não são aceitas pelo gado de alta criação como o holandês ou suíço quando não são misturadas com outra forragem doce. As vacas destas raças são mais exigentes e não gostam do sabor amargo das folhas do guandu, que pode também ser usado com êxito para o sombreamento de café novo, pois não lhe faz nenhuma concorrência. Depois de 4, 5 anos, o solo fica geralmente melhorado, oferecendo então, o guandu, uma boa lenha.
É a leguminosa própria para terras inaproveitáveis para outras culturas pois as transforma, sem despesas exageradas, em terras de cultura. Existem diversas variedades de guandu das quais a denominada “Fava-Larga” é a melhor porque apresenta folhas maiores do que as outras.
Se se quiser usar o guandu como adubação verde, é necessário plantá-lo em rotação com o milho ou com o algodão. A planta atinge o ponto de ser cortada mais ou menos depois de 5 meses de crescimento, e produz em terras boas, de poucos anos de cultura, mais ou menos 15 a 20 toneladas de massa verde por hectare. Cortada no fim de abril ou início de maio, com ceifadeira ou rolo de facas, a massa decompoe-se ao ar livre, e será incorporada superficialmente ao solo na primavera.
Em terras pobres, o guandu não produz muito bem e por isso é muito mais aconselhável usar esta leguminosa valiosa em culturas perenes, como a da Tefrósia cândida.

OBS. 1 : O guandu foi a planta escolhida por Ana Maria Primavesi para recuperar as terras erodidas que comprou em Itaí, estado de São Paulo, quando enviuvou e resolveu recomeçar a vida aos 60 anos de idade. Este relato está em sua biografia no capítulo "Itaí". Um trechinho está no site:
Há imagens do antes e depois do trato de Ana Maria Primavesi à sua terra:

OBS. 2: Mais sobre o guandu:
OBS 3: Ainda no site há um livreto (de onde transcrevemos o texto acima) só sobre adubação verde e livre para download:

OBS. 4: (lembrando que Ana ensinava que se o solo estivesse muito duro, não adiantava passar o arado para "soltar" a terra. O processo de formação de grumos deve ser químico-biológico. Há de se depositar sobre o solo matéria orgânica para que ela se decomponha e forme grumos, e assim o solo forma sua estrutura porosa). O Filme A Vida do Solo mostra bem isso:

OBS. 5: Um dia, em conversa com ela, estávamos comentando sobre a propriedade das plantas. O chá de quebra-pedra, por exemplo, era usado para quem tinha pedra nos rins, auxiliando na "quebra" das pedras. Então também poderia "quebrar pedras" do solo? Foi neste dia também que comentamos sobre o fato de alho e cebola não poderem ser plantados junto com feijão. Se não podiam estar juntos no plantio, poderiam estar juntos no cozimento? Ana disse que não sabia dizer. Fica aqui a sugestão para futuras pesquisas.

FONTE:













ANA PRIMAVESI