OBSERVAR, OBSERVAR, OBSERVAR

Ana Maria Primavesi
Naturalmente todo mundo vai perguntar: e o que faremos para ter uma agricultura mais lucrativa, mais sadia e menos arriscada? Porque hoje em dia, cada um se debate desesperadamente contra as ervas invasoras, contra todos esses sintomas que nós presenciamos e o lucro finalmente se vai porque se o agricultor está pendurado no financiamento, mostra que ele não tem lucro suficiente para financiar sua própria produção. Com exceção de algumas culturas que, naturalmente, dão lucro.
Mas o lucro, normalmente, fica com o beneficiador e não com o agricultor. Agricultura não é só um assunto de amor à terra, mas isto é básico, porque se nós não gostamos da terra, nós não vamos cuidá-la. A observação principal é que eu não posso dar receita para ninguém porque cada um tem de observar o que necessita.
Quero contar um episódio. Eu estive numa fazenda bastante grande em Goiás e um homem me disse: aqui não cresce mais nada. Eu plantei capim de toda a espécie: braquiária, estrela, colonião, não dá mais. Não sei o que faço.
Depois me perguntou quanto tempo vai demorar para a senhora me dar alguma informação concreta de como vou fazer? Eu disse: olha, como a fazenda tem uns 20 mil alqueires, acho que uma semana vai demorar. O quê? – ele falou. Uma semana? O pessoal de Piracicaba, de Campinas, de Goiás esteve aqui e em meio dia eles fizeram isso. Perguntei: bom, mas e o resultado? Ah, o resultado não tinha, ele falou. Bom, eu posso pegar um teco-teco, voar por cima durante meio dia e depois dizer que aqui tem erosão ou que aqui não cresce nada. Mas isso não ajuda em nada. Então eu disse que queria ver o que ele estava observando.
Ele foi comigo. Nós andamos um pouco de jipe. Entramos no campo. Fomos ver a terra, a vegetação e tudo. Nada é pequeno demais para não ser observado. Eu mostrei ao homem todos esses detalhes e no fim do dia ele disse: eu acho que nós vamos levar, no mínimo, duas semanas aqui, porque senão não dá pra ver tudo e para resolver todos os problemas. De modo que vocês veem que a maioria não sabe observar.
A observação é básica. Vocês não podem procurar coisas grandes, defeitos grandes, uma voçoroca enorme de erosão. Não é isso que a gente procura. A gente tem de procurar as mil e uma pequeninas coisas que acontecem quando a gente anda sobre o campo, e isso só à pé, só assim mesmo é que se pode ver. É o amor à terra.

USO DE AGROTÓXICOS

Uso de pesticidas

AgrotóxicosMesofauna

Quase ninguém se dá conta de que bilhões de animaizinhos populam cada metro quadrado do solo. Em parte são tão pequenos que somente podem ser vistos ao microscópio (microfauna). Em parte são visíveis a olho nu, mas ainda de tamanho tão reduzido que somente podem ser vistos com observação muito atenta (mesofauna). E em parte, são de tamanho maior como as minhocas, centopéias e inúmeros insetos (macrofauna), de modo que já são conhecidos por todos.

Geralmente, ninguém liga para os animais do solo enquanto não se tornarem praga e não incomodarem. Ademais, também não perguntam por que chegaram a constituir uma praga, e simplesmente os combatem com defensivos de alta toxicidade como o DDT, o BHC, Aldrin e outros que hoje já são proibidos na maioria dos países civilizados para uso em culturas e nos rebanhos. Na euforia de poder proteger suas colheitas de pragas, muitos passaram todos os limites do razoável, pondo em perigo toda a vida silvestre tanto das águas quanto dos campos.

Hoje se observa claramente que nos países onde existe o uso racional dos pesticidas os resíduos tóxicos em animais e homens são mínimos, enquanto que em países onde ainda vigora um uso irracional de defensivos a intoxicação de animais e humanos é impressionante, causando inúmeras “doenças de civilização”, ou melhor, de “princípio de civilização”.

O maior perigo dos defensivos é que as pragas se tornam mais resistentes, obrigando à produção de fórmulas sempre mais tóxicas. A agricultura torna-se cada vez mais difícil, mais arriscada, mais onerosa e mais desastrosa, pondo em perigo também todo o meio ambiente e com isso a sobrevivência do homem em vastas áreas do nosso globo. Apesar de todo o progresso técnico, o homem é e será somente parte da natureza.


FONTE:

https://anamariaprimavesi.com.br/2019/06/20/uso-de-pesticidas/













DIA INTERNACIONAL CONTRA O AGROTÓXICO

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AGROTÓXICOS

Ana Maria Primavesi

Agrotóxicos – Parte 1

Antigamente doenças nas culturas eram raras. Somente quando o tempo era muito desfavorável deu ferrugem no trigo. As culturas eram bem nutridas e os solos cuidados. Disso dependia a produção.

Os problemas começaram nos vinhedos. Hectares e hectares de terra somente plantados com videiras. Aí começaram a usar calda cúprica, a “calda bordalesa”, descoberta por viticultores na região de Bordeaux, na França. Depois começaram a usar uma calda com arsênico e cálcio e mais tarde juntaram ainda cobre.

Na medida em que as caldas ficaram mais tóxicas, pode se deduzir que as doenças nas parreiras ficaram mais resistentes. No fim do século passado já conseguiram intoxicar pessoas com estas uvas. Mas também nos pomares de maçã e laranja começavam a usar veneno. Sempre quando se plantam maiores áreas com uma única espécie aparecem problemas. Até o caju, silvestre na região amazônica e muito resistente, quando plantado em grandes pomares têm muitas pragas que o atacam.

No século passado, todos os defensivos eram minerais e até os herbicidas eram uma mistura muito tóxica de arsênico e chumbo. Mas nas hortas se preferia defensivos naturais como calda de fumo, de piretro ou de roteona. Mesmo assim, em 1919 nos EUA se baixava o “Food and Drug Acta”, uma lei que limitava a tolerância para resíduos tóxicos nos alimentos.

Veio a Segunda Guerra Mundial e com ela a procura por inseticidas para combater os piolhos-de-corpo que transmitiam uma espécie de tifo, mas também por causa de gases de combate.

Em 1874 um alemão tinha descoberto uma substância nova, mas que parecia de pouca utilidade porque o que eles procuravam nesta época eram remédios contra doenças, como a que controlava a doença do sono transmitida pela mosca Tse-Tse. Este alemão tinha trocado íons de hidrogênio por íons de cloro nos ciclos de benzeno, mas a nova substância não era o remédio que procurava. 

Em 1939, o suíço Paul Muller testava tudo que já foi criado em substâncias novas e descobriu o poderoso poder inseticida desta substância rejeitada. Foi descoberto o DDT (Dicloro-Difenil-Tricloretano), Ele ganhou por isso o prêmio Nobel. Pulverizaram com este pó soldados prisioneiros e refugiados aparentemente sem nenhum dano aos homens, evitando assim epidemias de tifo. Foi um enorme alívio!

Logo os plantadores de algodão se interessavam por este DDT e arrasavam com a lagarta rosada. E o avanço triunfal de DDT pela agricultura norte americana não conhecia barreiras. Acreditava-se piamente que o DDT somente atacava e matava insetos e que não afetava seres de sangue quente. 

Em 1949, a aviação governamental pulverizava vastas áreas agrícolas passando por cima de tudo: campos, aldeias, pastos com gado, lagos e rios. Neste ínterim, se tinham desenvolvido outros organoclorados, como se chamam essas substâncias, cujo núcleo é um carbono, como o Dieldrin, Aldrin, Endrin e outros, cada vez mais tóxicos.

Mas começaram a aparecer sintomas nunca vistos. Morriam as borboletas, como a maioria dos insetos, morriam pequenos animais, morriam caçadores com suas famílias inteiras. Apareciam sintomas estranhos nas populações que usavam o mesmo poço, morriam peixes, morriam bebês que recebiam suco de cenoura…Pouco a pouco se ligava estas ocorrências estranhas aos organoclorados. 

Pesquisavam as cenouras e verificaram que o Dieldrin pulverizado tinha desaparecido. Mas os bebês continuavam morrendo. E agora as análises mostravam que o Dieldrin tinha se transformado em Aldrin, substância mais tóxica ainda.

E os caçadores de perdizes revelaram-se vítimas de DDT que tinha penetrado nas minhocas. Estas foram comidas pelas perdizes, acumulando DDT em seus corpos. Os caçadores que agora comiam estas avesmorriam intoxicados. E as mulheres gordas que fizeram regime para emagrecer, de repente mostravam estranhos sintomas de intoxicação. O DDT acumulado em seus tecidos adiposos foi mobilizado, matando-as.

Agora começaram a “caçar” o DDT. Mas nos solos tinha sumido. Que alívio! Porém, agora aparecia na água, nos poços, nas fontes, nos rios. A água era tóxica. E muitos se lembravam do apocalipse de São João que predizia que nos últimos tempos os poços e fontes iriam ser venenosos. Ninguém podia imaginar como isto poderia acontecer. Mas já aconteceu!

Pouco a pouco, o medo se apoderou dos povos. O lucro, ainda subvencionado do agricultor, valia a saúde do povo inteiro? E quando a bióloga Rachel Carson em 1962 publicou seu livro “Silent Spring” (Primavera Silenciosa), a reação do povo era tão violenta que o presidente proibiu o DDT para os EUA, seguido por muitos países do Primeiro Mundo. Mas agora as fábricas vendiam seus estoques consideráveis para os países do Terceiro Mundo, como o Brasil. E pior ainda, não podiam proibir a produção de DDT e BHC os países tropicais porque o usavam rotineiramente para o combate do mosquito transmissor da malária.

Hoje se sabe que o DDT permanece durante 25 anos no solo e mesmo agricultores orgânicos têm seus alimentos produzidos contaminados por DDT, que não saiu ainda do solo. Os organoclorados continuam a ser usados nos herbicidas, e também são bastante resistentes no solo. 


Ana Maria Primavesi

"Temos de morrer intoxicados para não morrermos de fome?"

Agrotóxicos – Parte 2

Quando, após a última Guerra, as tropas aliadas vasculharam a Alemanha por segredos militares, encontraram em grutas nos Alpes substâncias organofosforadas que deveriam servir como gases venenosos no combate mas que eram tão venenosos, que mesmo os nazistas tinham receio de usá-las, ou no mínimo tinham medo de matar também seus soldados se, por exemplo, o vento virasse.

Como essas substâncias tinham um efeito inseticida mais fulminante do que os organoclorados e eram menos persistentes, logo apareciam no mercado com os nomes de Paratio, Malation, Dipterex e semelhantes. Mas estes não fulminaram somente insetos, mas também homens. Um bico de pulverizador caído num tambor com Malation matava em minutos o trabalhador que o recuperou, molhando sua mão com o veneno. E o efeito dos organofosforados percorre caminhos ainda pouco conhecidos.

Assim, a epidemia da “vaca louca” na Inglaterra, que se atribuía primeiro a um vírus desconhecido, começou a tornar-se misteriosa quando mesmo temperaturas elevadas não conseguiram destruí-la. O pânico se apoderou dos ingleses. Já começavam a matar rebanhos inteiros onde esta doença apareceu, amargurados pelos risos dos agricultores orgânicos pois em suas vacas a doença nunca apareceu. Por que o vírus não atacou também as vacas dos orgânicos?

Pesquisaram febrilmente porque a economia inglesa sofria um golpe horrível com o boicote de sua carne porque a doença era transmitida ao homem. E depois descobriram, o que tinha um efeito bomba: em vacas com alta produção de leite, sob stress permanente, os organofosforados usados contra parasitas do gado destruíram a enzima colinesterase, que tinha a tarefa de destruir a acetilcolina, necessária para transmitir impulsos nervosos.

Assim, os impulsos não paravam e os animais foram tomados por uma tremedeira. Pouco a pouco o excesso de acetilcolina destruiu a proteção dos nervos e até a massa cinzenta do cérebro. E quem comia a carne desta vaca recebeu o organofosforado, que em pessoas estressadas tinha o mesmo efeito.

O pior é que hoje já existem umas 30.000 fórmulas diferentes ou misturas de fórmulas de inseticidas que não exterminaram os insetos. Os insetos se tornaram resistentes e os venenos para seu combate são cada vez mais tóxicos. Hoje já se diz que a última batalha seria entre homens e insetos e que os insetos ganharão, disso não há dúvidas. Mas é necessário chegar a esse ponto?

Os insetos são “programados” pela natureza por meio de suas enzimas, podendo comer somente uma única determinada substância a qual essa enzima digere. Todas as outras estão fora de seu alcance. A grande pergunta é: por que as plantas “oferecem” as substâncias que servem para insetos? Por que os insetos parasitas aumentam tão assustadoramente de número?

Insetos que nunca eram perigosos agora atacam e aniquilam lavouras inteiras. De onde vem estes parasitas? Ou serão eles parasitas porque as plantas as convidam? E por que as planta os convidam? Será que a atual tecnologia agrícola está errada? O que está errado? E as culturas continuam tomando banhos de veneno. A soja até 18 vezes, o algodão até 25 vezes, a maçã até 72 vezes.

Os herbicidas cada vez mais tóxicos infestam os solos. Nos EUA já é costume plantar durante 4 anos e abandonar o campo durante outros 4, no que o governo paga uma indenização. Já existem as variedades “herbicida tolerant” (HT) que são especialmente criadas para tolerar um herbicida. Somente elas o toleram, todas as outras morrem deste herbicida. Isso obriga as pessoas a plantar sempre a mesma variedade no mesmo campo, o que cria mais pragas. Necessitam-se mais defensivos, mais tóxicos, porque as plantas são cada vez mais fracas e suscetíveis. E finalmente têm-se de abandonar o campo porque não cresce mais nada.

Dizem que anualmente 500.000 pessoas morrem ou se tornam inválidas pelo resto da vida pela contaminação por agrotóxicos. As terras são destruídas, o meio ambiente é destruído, a saúde da população humana é seriamente afetada.

Temos de morrer intoxicados para não morrermos de fome? Dizem que é a única maneira de sobreviver. Mas nas terras destruídas não penetra mais a chuva e os rios e fontes secam. Falta água em nosso planeta. Sem água alguém consegue viver? Sem saúde se consegue viver feliz?

FONTE:

https://anamariaprimavesi.com.br/2019/06/19/agrotoxicos-parte-1/

https://anamariaprimavesi.com.br/2019/06/19/agrotoxicos-parte-2/











Agroecologia pode salvar o Planeta

Agroecologia é a única Ciência que pode salvar o Planeta através da modificação das Pessoas e da Regeneração Ambiental. DJRC






A NATUREZA É PERFEITO COM DEUS CRIOU E NÃO COMO O HOMEM QUER !
ANA MARIA PRIMAVESI






DESMATAMENTO - CONSEQUÊNCIAS 
.... Na foto, o nosso futuro, cada vez mais preocupante, se continuarmos sendo consumidores que não cobram e nem se preocupam com a origem daquilo que compramos. A Amazônia continua sendo devastada a grande velocidade, e ela regula atualmente não só o clima do nosso continente, mas é responsável pelo frágil equilíbrio que hoje se registra nos climas de todo o mundo ...
O destrutivo mundo dos lucros e do capitalismo, está vencendo a batalha, que ao final não deixará sobreviventes



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70% DA CESTA BÁSICA DO BRASILEIRO VEM DA AGRICULTURA FAMILIAR


Alta do dólar impulsiona o desmatamento porque supervaloriza a soja e o gado. Entre agosto de 2014 a julho de 2015, o desmatamento acumulado na Amazônia chegou a um patamar superior a 3,3 mil quilômetros quadrados. Um aumento de 63% na área desmatada com relação ao período anterior. Os dados, divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), revela que Mato Grosso é o líder no ranking de devastação. 









A Samaúma é tipicamente amazônica. Conhecida como "árvore da vida" ou "escada do céu", apresenta propriedades medicinais. Essa árvore consegue retirar a água das profundezas do solo amazônico e trazer não apenas para abastecer a si mesma, mas também para repartir com outras espécies. 






GUERREIRO DA PAZ

- Abra o seu Coração e permita-se inundá-lo de boas vibrações, de alegria, Amor e Paz;
- Agradeça pela vida e a coragem e ao Universo pela oportunidade ;
- Agradeça a nossa Mãe, ao nosso Pai e aos nossos irmãos por nos ajudar;
- Dedique a vida com amor ao sonho vivo da nossa humanidade ;
- Que nossa espada seja a palavra do amor e nosso  escudo a bondade no nosso peito.

Autor: Lucy Sem Fronteiras 
Parte tirada do  Artigo original do Blog Amor e Paz Sem Fronteiras: 

ANA PRIMAVESI